sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Entrevistas, tortura, entrevistas...



  Nesses tempos de "vacas magras" que eu me encontro, fui forçado a procurar empregos desordenadamente, e por consequência disso participei de algumas entrevisas profissionais, em maioria coletivas. Pra quem não sabe, ou ignora o assunto por nunca ter participado de uma desta ou por nunca precisar (Se não acredita que existem pessoas que nunca participaram ou que não conhecem, perguntem ao Thor Batista o que é uma entrevista de emprego coletiva.) Entrevista coletiva é quando os candidatos relacionados a uma vaga específica apresentam-se na frente de todos os outros candidatos e fazem um resumo sobre sua vida pessoal, conhecimentos técnicos, nível de escolaridade, experiências profissionais, objetivos profissionais, e expectativas sobre a vaga que está sendo ofertada e algumas coisas a mais que satisfazem o instinto sacana do entrevistador.

  Em algumas das quais que participei me coloquei de espectador pois não me interessava pela oferta de emprego de estava sendo apresentada. Por que algumas agências de recursos humanos que promovem tais entrevistas, selecionam os candidatos pelo perfil da vaga e quando entram em contato com os mesmos, dependendo da proposta, não avisam de início a descrição do produto, justamente para completarem a quantidade de candidatos/dia entrevistados solicitados pela empresa contratante. Então, o candidato vai achando que é alguma coisa no mínimo interessante, e acaba se estressando quando sabe que não é absolutamente nada daquilo que espera de atrativo. Sabendo disso, o entrevistador improvisa um desfecho para pode perguntar: - Vocês se interessam pela vaga? Essa é a pergunta chave para os dedos levantados, resmungos, e a vergonha estampada na cara daqueles que aceitam, com certeza eles pensam: - Caraca, eu to necessitado mesmo. Eu ja fui um desses, e o sentimento neste momento não é nada bom... Mas depois de tanto dinheiro gasto com passagens e alimentação, eu resolvi tirar um proveito destas situações, não levantando o dedo, e propositalmente me colocando de espectador para conhecer um pouco mais do comportamento do homem em situações de stress elevado por ter que relevar um pouco de sua intimidade perante desconhecidos.

  Porém, em contrapartida, existem algumas oportunidades ofertadas que excedem as expectativas dos candidatos, aquelas que causam um outro tipo de stress, Aquele matador silencioso que faz com que o candidato se veja em uma situação de risco máximo, onde nesta caso o ser humano não é passível a erros. Neste momento, com certeza, se fosse possível o candidato colocaria um saco de pão na cabeça, ou colocaria os óculos da invisibilidade para falar, aquela infinidade de pares de olhos fixados em você testando sua desenvoltura, torçendo pelo seu erro, te testando, ouvindo o que você tem a dizer para captar o que foi dito de melhor para ser usado e impregado de uma forma mais convincente na sua vez de discursar, te remetendo a pensamentos repugnantes como: - Eu disse isso, que filho da puta desgraçado. É muito engraçado como nessas horas gaguejamos quando queremos usar algumas palavras difíceis nos denunciando que só usamos aquelas palavras naquele momento, ela não faz parte do nosso vocábulário corriqueiro, suamos excessivamente inclusive nas mãos, inconsientemente usamos alguns vicios de linguagem que tinhamos certezas que não usaríamos, sempre da vontade de coçar algum lugar, de fazer xixi, Somos leitores natos, se todas as pessoas lessem como dizem nas entrevistas o mundo seria muito mais culto e muito mais interessante do que é. Em nossas experiências profissionais anteriores sempre ocupamos um cargo de chefia, fomos promovidos por atingir as metas, sempre desenvolvemos algumas estratégias para melhorar, dinamizar a produtividade e sempre saímos por motivos alheios a nossa conduta profissional, Muito intrigante não acham??

  É interessante ver como o ser humano cria verdades para si para facilitar o relacionamento em algumas situações, como ele se posta diante de situações de stress de diferentes maneiras. É muito interessante ver também como nosso organismo reage a esses momentos, parece que o nosso corpo silenciosamente grita para que escapemos desta situação, a nossa capacidade de reação, e de absorção de energias.

  De antropólogo e louco, todo mundo tem um pouco...

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